sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sonho, logo vivo

Certa noite, após um dia agitado de labuta, cheguei em casa esquentei a comida fiz um prato de pedreiro e de frente para tv, com ele na mão fiz a última refeição daquela data. Zapiando um canal e outro parei em um programa chamado Ídolos, onde no qual os participantes tentam um lugar ao sol através do dom de cantar, vê-se muita gente sem dom nenhum, mas também vê-se muita gente que canta muito, o mais importante de tudo é que todos têm em comum a força de vontade de acreditar em suas aspirações.
Achando os comerciais muito longos, caraterística da emissora do concurso, apertei algumas vezes o botão do controle remoto e desci alguns canais parando em um outro programa televisivo que julgo ser merecedor de nossas atenções, Profissão Reporter, cá entre nós uma das melhores surpresas dos últimos anos a esse respeito, onde comandados por Caco Barcelos, muito bom reporter, uma equipe de estudantes da área de jornalismo entrevistam pessoas inusitadas em situações inusitadas, neste dia por exemplo me chamou a atenção duas entrevistas das que foram apresentadas, uma com um rapaz apelidado de Pepa, dono da Pepa Filmes, produtora de filmes inteiramente autônoma, que lança filmes que seriam classificados por especialista como trash , que utiliza materias não menos toscos, guardados imprenssados em uma bicama de um apertamento do Grajaú na zona Norte do Rio de Janeiro. A outra foi com uma pescadora em mares bravios do Ceará, que não me recordo o nome agora, que aos dez anos de idade ajudou uma equipe de cinegrafistas a subir algumas montanhas e dunas para terem os melhores takes do pôr do sol do local, carregando os tripés e algumas câmeras mais pesadas, por uns trocadinhos e por tamanha presteza foi condecorada mascote do grupo que voltou dezenas de vezes depois e em cada uma delas lhe passando um ensinamento de como fazer boas imagens, tantas aulas lhe valeram se tornar uma pescadora cinegrafista e ainda a produção de um documentário da vida da população ribeirinha do lugar, de sucesso internacional. Já altas horas no fim da minha incursão televisiva, já esparramado no sofá, curtindo minha solitude noturna, assisti ao Jornal do fim da noite para me antenar e sem notar entrei Programa do Jô adentro, coisa que parei de fazer de longa data, por vezes o entrevistador falar coisas que acho imbecis e não deixar convidados interessantes falarem, mas resolvi prosseguir e dar uma nova chance a ele. Não me arrependi, logo na primeira conversa foi chamada a Sra. Ana, de Bento Gonçalves, interior do Rio Grande do Sul, que já no auge dos seus noventa e oito anos se presta a cuidar de outras "crianças" de setenta ou setenta e cinco anos, dando-lhes de comer, do que vestir, remédios e outras assistências vitais, tudo isso por conta de uma promessa que fez no pós guerra de ajudar todos os necessitados até o fim de seus dias, nessas horas só me resta pensar em tudo que me aburrece e concluir que para morrer, basta estarmos vivos e que a matéria prima principal da vida não vem do solo que tudo dá, nem cai do céu como chuva, está dentro de nós mesmos, pois trata-se de nossos sonhos.

Memento mori et Carpe diem!